domingo, 20 de junho de 2010

Um mundo perigoso para nossos jovens

Amazônia Jornal
Edição de 20/06/2010
Avelina Castro

"Adolescentes e crianças são as maiores vítimas da violência"
Um informe apresentado pela Organização dos Estados Americanos (OEA) aponta que os jovens são as maiores vítimas da violência na América Latina. O documento foi apresentado na última segunda-feira,14, em San Salvador, capital de El Salvador, pelo relator da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), o brasileiro Paulo Pinheiro, e pela representante para a América Central do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Carmen Villa Quintana.

A ausência do Estado e políticas públicas sem eficácia são apontadas como alguns dos principais fatores que contribuem para essa realidade. O advogado do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca-Emaús), Bruno Guimarães, acredita que o informe reforça o que já vem sendo apontado nas últimas pesquisas realizadas no Brasil sobre o tema, como o Mapa da Violência 2010, que aponta um grande índice de homicídios contra adolescentes e jovens no país.

Bruno Guimarães alerta para o fato de que adolescentes e jovens são as maiores vítimas da violência, e não os maiores algozes. "As pesquisas mostram que a participação de adolescentes e jovens em atos ilícitos graves é pequena", disse o advogado. Segundo dados da Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap), dos adolescentes cumprindo medidas socioeducativas no Pará apenas 17,5% foram casos de crimes contra a vida. (Ver quadro na página 61). "Já a participação dos adultos está em torno de 75% dos crimes graves", disse o advogado, explicando que delitos graves são os de violência contra a vida.

Bruno Guimarães explica que a mídia tem mostrado com bastante destaque casos em que adolescentes e jovens aparecem participando de atos infracionais. Entretanto, ele alerta para o fato de que isso não os torna responsáveis pelo aumento da violência. "Ainda que esteja crescente a participação de adolescentes e jovens em atos delituosos, jamais poderíamos responsabilizá-los pelo aumento do índice de violência porque para isso seria preciso uma análise mais profunda. Além disso, essa afirmativa contrariaria os dados de pesquisas sobre violência", disse o advogado, comentando os dados apresentados por ele.

O advogado destaca também que, com o advento de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que apuram casos de pedofilia, aumentaram bastante as denúncias de casos de violências sexuais cometidas contra crianças e adolescentes. Além disso, segundo ele, não é raro notícias na imprensa de adolescentes e jovens sendo assassinados, em muitos casos, executados pelas redes de tráfico de drogas.

Para Guimarães, os jovens são as maiores vítimas da violência por conta da ausência do Estado, que não implementa políticas públicas proveitosas, que tratem a criança e o adolescente como prioridade absoluta. Além disso, as ações policiais não têm sido eficazes no enfrentamento ao tráfico de drogas, que tem recrutado adolescentes cada vez mais novos. "O modelo excludente de desenvolvimento é o responsável por essa realidade de violência contra crianças e adolescentes porque no Brasil ainda se vê, por exemplo, altos índices de trabalho infantil até mesmo por uma questão cultural de achar que é ‘normal’ criança e adolescente trabalhar", disse Guimarães.

Ranking - Belém é a sétima capital brasileira em maior índice de homicídios entre crianças e adolescentes, segundo destaca Bruno Guimarães, se referindo ao Mapa da Violência 2010. De acordo com ele, a melhor forma de enfrentar essa questão é desenvolvendo ações preventivas, como atividades educativas, de lazer e culturais que contribuam para a proteção desses meninos e meninas e também para o enfrentamento da violência.

"Ação social é importante no enfrentamento"

Para o advogado Bruno Guimarães, do Cedeca-Emaús, é preciso fortalecer as famílias e as comunidades para que se conscientizem de seus papéis e atuem no enfrentamento a violência contra crianças e adolescentes. "É claro que o Estado tem sua responsabilidade e precisa ser atuante. Mas, o Plano de Convivência Familiar e Comunitária que foi inserido no Estatuto da Criança e do Adolescente com a Lei 12.015/2009 prevê a criação de mecanismos de articulação social para que a violação de direitos não seja naturalizada, mas que seja enfrentada numa perspectiva pedagógica", disse o advogado.

O Movimento de Emaús é um exemplo de entidade que atua nessa articulação. Atualmente, atende mais de quatro mil adolescentes e famílias, direta e indiretamente, de quatro comunidades: Bengui, Terra Firme, Guamá e Jurunas. Nos espaços e projetos desenvolvidos pela entidade, os meninos e meninas desenvolvem atividades socioculturais de esporte, lazer e profissionalizantes. "Essa é uma das formas mais proveitosas de proteção e enfrentamento porque envolve as comunidades e desperta nelas o espírito da autogestão de direitos para que não fiquem na dependência do governo e de entidades, despertando o protagonismo nelas", concluiu o advogado.

"As pessoas precisam saber que nós não estamos de braços cruzados"

No bairro da Terra Firme, muitas são as atividades desenvolvidas por entidades, movimentos e igrejas, que buscam dar um futuro melhor para que os adolescentes e jovens do bairro não engrossem as estatísticas de violência.

Na igreja Santa Maria, a comunidade desenvolve dois projetos educativos com crianças, adolescentes, jovens e adultos. As atividades acontecem no Centro Sociocultural São Domingos de Gusmão. Um total de 120 adolescentes e jovens, com idades entre 12 e 17 anos participam de cursos básicos e avançados de Informática. A atividade faz parte do projeto "Navega Pará", do Governo do Estado e está sendo desenvolvido desde 2008 na comunidade. "Queremos mudar a imagem do nosso bairro porque na imprensa só saem notícias de nossos jovens sendo mortos e de casos de violência. As pessoas precisam saber que nós não estamos de braços cruzados, que estamos trabalhando para melhorar a vida de nossos jovens", disse Malena de Nazaré Pereira, coordenadora do projeto, que atende também adultos , no turno da noite.

Outro projeto desenvolvido na comunidade é o "Um abraço na Educação", voltado a meninos e meninas de 7 a 12 anos, que cursam da 1ª a 4ª séries do ensino fundamental. "As atividades são realizadas em horários alternados ao das escolas delas. São crianças em situação de risco e que as mães não têm onde deixar e elas estavam sem atividades no horário alternado ao da escola", explica Malena.

Além disso, no próximo dia 5 de julho, será realizada a segunda versão da colônia de férias, que a comunidade da Terra Firme realizará em parceria com a Polícia Militar. Um total de 70 jovens, com idade entre 14 e 17 anos, participarão da colônia, entre 5 e 16 de julho, que ofertará palestras educativas e passeios ao Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), onde eles farão rapel e caminhadas, além de visita ao Mangal das Garças, passeio fluvial na orla de Belém, na lancha da Polícia Civil e passeio de helicóptero com a equipe do Grupamento Aéreo da polícia (Graer).

A colônia de férias contará também com uma palestra motivacional do treinador do lutador Popó, o paraense Ulisses Pereira. "Sabemos que é pouco o que estamos fazendo, mas estamos contribuindo com nossa comunidade e, se cada um fizer um pouco, teremos uma sociedade melhor", disse a coordenadora, que mora há nove anos na comunidade. "Precisamos acabar com esse estigma de que na Terra Firme só tem criminosos. É bom que a imprensa não mostre só os jovens morrendo, mas que mostre também as coisas boas que estão sendo feitas e que nós estamos nos mobilizando há bastante tempo para reverter esse quadro de violência contra adolescentes e jovens", concluiu Malena.

"Adolescentes são mais vítimas que algozes"

O pesquisador da Unama, Reinaldo Pontes, que é coordenador do Observatório de Violência nas escolas (vinculado a Unesco), afirma que é preciso desmistificar a ideia equivocada de que os adolescentes são os responsáveis pelo aumento da violência. "A quantidade de adolescentes alcançados pela justiça é muito pequena, se comparado à população daquela faixa etária", disse o pesquisador.

Pontes prestou, recentemente, consultoria para a Fundação da Criança e do Adolescente do Pará (Funcap) para a realização do I Encontro Estadual de Atendimento Socioeducativo, realizado nos dias 8, 9 e 10 de junho deste ano. De acordo com ele, dados apresentados no evento mostram que o número de adolescentes cumprindo medida socioeducativa de internação no Pará equivale a apenas 1,4% do total do Brasil.

A região Norte é a que apresenta o menor número de adolescentes cumprindo medidas socioeducativas de internação. São 736 adolescentes em toda a região contra 6.160 do Sudeste. Os dados são da Funcap, relativos ao ano de 2009.

No Pará, segundo Pontes, em 2009, havia 131 adolescentes em internação e 40 em semiliberdade. "As redes de crime, como tráfico de drogas são comandadas por adultos. Os adolescentes são assediados e levados por esses adultos para essa prática", disse o pesquisador.

O pesquisador ressalta que não são apenas os adolescentes que precisam cumprir as leis. "As instituições também precisam cumprir as leis. E quem fiscaliza e pune essas instituições infratoras?", criticou.

Escolaridade - Outro dado considerado preocupante pelo pesquisador é o fato de crianças e adolescentes estarem abandonando a escola. Segundo dados da Funcap, 96,9% pararam os estudos no ensino fundamental. "Essa é uma realidade que precisa ser enfrentada de forma séria", destacou o pesquisador.



terça-feira, 1 de junho de 2010

::..FIM DA GREVE: VITÓRIA DA CATEGORIA..::

A greve dos trabalhadores em educação, iniciada no dia 07/05, conquistou vitórias importantes. Depois de 21 dias de intensa mobilização e enfrentamentos diversos com o governo Ana Júlia, que mais uma vez decepciona não só a categoria, mas a todos aqueles que lutam por uma educação de qualidade em nosso estado, avançamos ainda mais.

Após diversas rodadas de negociação na ALEPA, com a presença de representantes do Poder Legislativo e do Governo do Estado, chegamos não ao PCCR ideal, mas sem dúvida a avanços consideráveis em relação à proposta encaminhada pelo Executivo Estadual à Assembléia Legislativa.

Conquistas do PCCR: Garantimos um PCCR unificado, com enquadramento dos trabalhadores não docentes a partir do segundo semestre do ano que vem; garantimos uma gratificação de escolaridade aos AD1 e AD2 da ordem de 10% no enquadramento chegando a 50% em 5 anos; vantagem pecuniária de 50% aos servidores da FUNCAP e SUSIPE e de 100% para o SOME, incidindo no vencimento base e na gratificação de escolaridade; equiparação do salário do técnico em educação e do especialista em educação ao salário do professor AD4; pagamento de titulação da seguinte forma: especialista 10%, mestre 20% e doutor 30%; garantimos a jornada de trabalho sem redução de salário; garantimos a regulamentação no PCCR das aulas suplementares e do abono; a hora atividade ficou em 20% podendo chegar, em até 4 anos, a 25%; garantimos que a progressão horizontal não dependerá da disponibilidade orçamentário do governo e caso haja esta ocorra o estado ficará obrigado a efetivá-la em até 1 ano, assegurando o pagamento retroativo; garantimos a progressão horizontal alternada (uma automática outra por avaliação nos moldes estabelecidos pela resolução nº 02/2009 do Conselho Nacional de Educação, que avalia os trabalhadores mas o sistema também), com a garantia de se o estado não fizer esta avaliação a progressão será automática; os especialistas serão equiparados aos técnicos com a seguinte nomenclatura: especialistas em educação; o governo se comprometeu a não descontar os dias parados e desistir da ação de abusividade da greve. Este plano deve ser aprovado nas comissões da ALEPA no dia 08/06 e aprovado em plenário nas sessões do dia 09 ou 16/06.

Sem dúvida mais uma vitória da categoria, que de forma autônoma e soberana decidiu pelo fim da greve e a manutenção do estado de greve, para demonstrar de forma clara ao governo que permanecemos mobilizados. Uma decisão madura, pois demonstrou que os trabalhadores em educação sabem começar e terminar uma greve. Esta terminou por decisão única e exclusiva da categoria. Não foi nem será pressão do executivo ou decisão judicial que determinará os rumos do movimento, até porque ainda há pontos a serem melhorados neste PCCR.

Desde já alertamos a ALEPA e o governo que a categoria estará vigilante quanto ao cumprimento do que foi acordado. Ao mesmo tempo repudiamos a prática rasteira de sabotagem implementada pelo governo do estado que usou de dinheiro público para veicular notícias falaciosas sobre o SINTEPP. A greve foi e será sempre uma arma legítima de luta dos trabalhadores. Lamentável ter que lembrar isso a uma ex-sindicalista.

Parabéns a toda a categoria dos trabalhadores em educação!

 É PRECISO QUE OS TRABALHADORES NÃO DEIXEM DE COMPARECER AOS ATOS CHAMADOS PELO SINTEPP

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Muitos pela educação, poucos pelos professores

Como praticar justiça salarial aos professores? Se o leitor procurar respostas nas contas do orçamento público, certamente não serão encontradas. Mas, se quiser garantir qualidade no ensino, há necessidade de remunerar melhor os profissionais da educação.
 
Do ponto de vista do orçamento público, é uma conta que pode ser feita na rubrica de custos ou na de investimentos. Atualmente, a administração pública encontra-se refém da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas não é essa a única lógica a prevalecer.

Defender a educação é lugar-comum, mas, contraditoriamente, poucos defendem os professores. Desnecessário enumerar as razões óbvias de que educação não se pratica sem mestres. Mas é comum deparar com algum equívoco que ofusca essa premissa. A prioridade educacional do país é alcançar o acesso universal à escola, mas a valorização do magistério não acompanha esse princípio. Relegados ao segundo plano na política educacional do país, cumpre aos professores conquistarem a solidariedade da sociedade civil. Ao Estado cabe garantir a educação, mas é a sociedade civil a principal interessada nos frutos obtidos através da educação.

O Brasil encontra-se numa encruzilhada entre avançar na direção dos países desenvolvidos ou retornar a persistentes ciclos viciosos. Para seguir em frente, somente através da estrada da educação é possível alcançar o desenvolvimento pleno. Nenhum país chegou lá a não ser através dessa estratégia. Não existem atalhos.

A nação tem que fazer suas escolhas sob pena de fragmentação das conquistas alcançadas até aqui com imensos sacrifícios. A tecnocracia considera a mão de obra barata uma das vantagens comparativas do Brasil. Em nome desse paradigma, vários sacrifícios foram impostos aos trabalhadores brasileiros. Se várias categorias libertaram-se desse preceito e conseguiram melhorias salariais, o mesmo não aconteceu com os professores.

Quando trabalhei no Qatar, testemunhei o extraordinário poder transformador da educação. Em apenas três décadas, de povos beduínos os qatarianos alcançaram um dos melhores índices de desenvolvimento humano do planeta. Lá, o magistério é a categoria mais valorizada. O país, que só tinha petróleo e deserto, hoje tem conhecimento.

Educação é custo ou investimento? Essa é a pergunta certa a se fazer neste curso da história do Brasil. Na visão de estadistas, recursos públicos aplicados na educação são investimento; na ótica míope dos tecnocratas, é custo. Trata-se de diferença crucial para o país: escolher entre o comodismo de continuar sendo um dos maiores vendedores mundiais de commodities ou aplicar os royalties recebidos dessas vendas na educação.

Recursos naturais se esgotam e privam as gerações futuras de usufruí-los. Conhecimento, ao contrário, é uma riqueza legada às próximas gerações. São essas as respostas para corrigir as injustiças salariais praticadas aos professores.


domingo, 23 de maio de 2010

Graças a Tia Ana Burra acordo volta à estaca zero!

O novo secretário de Educação, Luís Cavalcante, e o secretário-adjunto de Gestão, Alberto Leão, que estavam perto de fechar acordo com o Sintepp para acabar com a greve dos professores, esbarraram no quarteto que controla a governadora Ana Júlia e tudo voltou à estaca zero.

Cavalcante e Leão foram obrigados a suspender a negociação e transferir para a Assembleia Legislativa o palco das articulações do Plano de Cargos e Salários (PCCR). Uma “Carta Aberta à Comunidade”, assinada pela Seduc, elege a nova instância para acordo, admitindo que a negociação fracassou.

Os sindicalistas que lideram o movimento grevista já haviam convencido o secretário de Educação e o adjunto de Gestão sobre os pontos vitais questionados no PCCR – como a carreira única, reunindo professores, especialistas e demais servidores da educação; e a progressão sem avaliação prévia da previsão financeira. Pelo acordo, que suspenderia a greve, o projeto de lei seria retirado para mudança no texto. O grupo palaciano, porém, não só detonou a ideia como impôs ao Sintepp negociação direta com os parlamentares.

Fragilizado, o secretário de Educação jogou a toalha. “Fiz um grande esforço para que pudéssemos sair da mesa de negociação com um acordo firmado”, lamentou no título de mensagem que escreveu em seu blog, para anunciar que negociação, agora, só na AL. O governo pode ter dado um tiro no pé com a estratégia para tentar sair do foco da greve e da polêmica. Na AL, quase todas as bancadas já sinalizaram apoio à decisão do Sintepp de rejeitar o PCCR. A previsão é que vem chumbo grosso por aí, e não é contra os professores.

Fomte: Diário do Pará

quinta-feira, 20 de maio de 2010

..:: Estudante é condenado por bullying ::..

Eduardo Kattah - O Estado de S.Paulo

Um estudante da 7.ª série de um colégio particular de Belo Horizonte foi condenado a pagar uma indenização de R$ 8 mil pela prática de bullying, agressões psicológicas e físicas, intencionais e repetidas contra uma colega de sala.

Em decisão publicada ontem, o juiz Luiz Artur Rocha Hilário, da 27.ª Vara Cível da capital mineira, julgou razoável o valor da indenização por danos morais e considerou comprovada a existência de bullying contra a adolescente G.V.S.G. A defesa dos pais do estudante vai recorrer.

Na ação, a aluna do colégio Congregação de Santa Doroteia do Brasil relatou que, com pouca convivência, o colega passou a lhe colocar apelidos e a fazer insinuações, que se tornaram frequentes com o passar do tempo. Os pais da menina alegaram que procuraram a escola, mas não conseguiram resolver a questão.

Além da indenização, a estudante requereu a prestação, por parte da escola, de uma orientação pedagógica ao adolescente, o que foi negado.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas, Marco Aurélio Garzon Moreira Cesar e Jacqueline Moreira Cesar, pais do jovem, afirmaram no processo que há uma "conotação exagerada e fantasiosa" sobre a relação entre os alunos. O casal classificou os episódios como brincadeiras entre adolescentes, que não poderiam ser confundidas com bullying. E disse que o filho, após o ajuizamento da ação, sofreu danos morais, pois passou a ser chamado de "réu" e "processado".

Discussão. O juiz, porém, considerou comprovada a existência do bullying, ressaltando que a discussão é nova no âmbito judicial. "O dano moral decorreu diretamente das atitudes inconvenientes do menor estudante, no intento de desprestigiar a estudante no ambiente colegial, com potencialidade de alcançar até mesmo o ambiente extracolegial", afirmou na sentença. "As brincadeiras de mau gosto do estudante, se assim podemos chamar, geraram problemas à colega e, consequentemente, seus pais devem ser responsabilizados, nos termos da lei civil."

O advogado Rogério Vieira Santiago, que representa os pais do adolescente, classificou a decisão como "absurda". Ele disse que a decisão não poderia ter sido divulgada pelo TJ e atribui ao colégio a responsabilidade por qualquer comportamento.

"Se por acaso algum comportamento ruim houve do menino, pior ainda é da escola privada, de classe alta. Se alguém fez, alguém permitiu", disse. "Os pais não ficam agarrados com os filhos o dia inteiro. Você entrega à escola. Ela é que tem o dever de zelar pela integridade física e moral dos meninos intramuros."

No processo, o representante do colégio declarou que todas as medidas consideradas "pedagogicamente" essenciais foram promovidas.

terça-feira, 18 de maio de 2010

PRESSÃO FAZ GOVERNO MUDAR DISCURSO



O governo começa a sentir a força da greve e acena com negociação e mudanças em sua proposta original de PCCR. A verdade é que Ana Júlia pensou que poderia dividir a categoria ao apresentar um PCCR apenas para o magistério, mas o SINTEPP, coerente com sua concepção de trabalhadores em educação, saiu na defesa intransigente de serventes, vigias, merendeiras e demais funcionários, exigindo isonomia e respeito aos quase 14 mil trabalhadores que não são professores. Sentindo que sua tática divisionista não deu certo, o governo agora aceita contemplar toda a categoria, ou seja, considerar todos os trabalhadores em educação.

O segundo erro do governo foi acreditar que enviando o projeto para a ALEPA, ficaria de fora do foco da greve. Ledo engano, a categoria sabe bem que é o responsável por esse PCCR. O SINTEPP está pressionando e negociando com os deputados, mas não dá descanso ao executivo estadual.

Diariamente recebemos informações de mais municípios em greve, demonstrando a disposição de luta da categoria. Ontem eram 50 municípios em greve, hoje já são 54, e as informações não param de chegar. Quanto mais forte fica a greve menor a arrogância do governo.

Nesta semana foi constituída uma comissão paritária entre Governo e Sindicato para discutir um bloco de alterações ao PCCR. Esta comissão se reunirá todos os dias, às 14 horas na sede da Secretaria de Educação, e terá o prazo de 3 dias para apresentar propostas concretas, que serão analisadas pela categoria na assembléia estadual do dia 21/05, sexta-feira.

A greve continua.
 

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Estudantes interditam Avenida Presidente Vargas

 
Cerca de 200 estudantes das Escolas Estaduais, Ulysses Guimarães, Deodoro de Mendonça, IEEP, Visconde de Souza Franco, Pinto Marques, interditam na manhã de hoje (17) as avenidas Pres. Vargas e Gama de Abreu, por cerca de 1hora e meia. Os alunos cobravam do governo do estado, uma solução á greve dos professores da rede estadual de ensino, que completou 10 dias e a conclusão das obras iniciada em 2008 no Instituto Educação Estadual do Pará, que após 3 anos não foram concluídas.

Com apitos, faixas, e os cadernos em mãos os alunos gritavam “Oh Ana Júlia, que papelão, cadê o dinheiro da educação”, “A greve continua Ana Júlia a culpa é tua”. O protesto começou por volta das 10h e às 11h15 a polícia militar conseguiu convencer os estudantes de liberar as vias. Os manifestantes ficavam revezando o fechamento das vias Gama Abreu e Presidente Vargas. A cada 15 minutos uma das vias era fechada, enquanto a outra era liberada para trânsito.

“Esta é a governadora inimiga da educação, se nem mesmo as escolas na área central de Belém, estão sendo assistidas pelo estado, imagine as escolas da periferia e do interior” afirma Lucas Nogueira assessor de imprensa do movimento.

Segundo o tenente da Polícia Militar, Eberson Guimarães, a negociação foi tranqüila e os estudantes não queriam prejudicar a população. 'O protesto deles é valido e está sendo de forma ordeira. Os estudantes não querem que a população saia prejudicada, por isso eles revezavam o fechamento das vias, para não provocar um engarrafamento intenso.
 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Matemática da Tia Ana Burra: Onde estão os 30%?

Nossa "querida" e "amada" (des)governadora enche a boca pra falar que com o PCCR os professores em início de carreira receberão uma remuneração que gira em torno de R$ 3600. Gostaria de saber qual é essa matemática doida? Verifique o compativo entre o salário atual e uma simulação com o PCCR e tire suas conclusões!


Como pode R$1861,76 ser igual a R$3600,00???

segunda-feira, 10 de maio de 2010

.: Luiz Cavalcante é o novo secretário de Educação :.

TROCA TROCA NA SEDUC: Luiz Cavalcante é o novo secretário de Educação

O professor Luiz Cavalcante assume a direção da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), em substituição à professora Socorro Coelho. Cavalcante foi convidado pela governadora Ana Júlia Carepa, nesta segunda-feira (10), no início da noite. A governadora também conversou com a ex-secretária, a quem agradeceu o empenho pela contribuição na formação da proposta do Plano de Cargo, Carreira e Remuneração (PCCR) dos professores da educação pública, cujo projeto de lei foi enviado à Assembléia Legislativa no último dia 7.

Luiz Cavalcante é professor de carreira da rede pública há 27 anos. É formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará e tem pós-graduação em informática educativa. Estava no governo desde 2007 e exerceu, até poucos dias atrás, o cargo de diretor de tecnologia aplicada à educação. Estava lotado na Escola Estadual Palmira Gabriel.

A posse de Luiz Cavalcante deve ocorrer nos próximos dias, quando a governadora Ana Júlia retornar de agenda que cumpre nesta terça-feira, em Brasília, em vários ministérios. Mas os atos de exoneração da ex-secretária e de nomeação do novo titular da Seduc serão publicados na edição desta terça-feira (11).

Fonte: Agência Pará

quarta-feira, 5 de maio de 2010

:: 06 de Maio – Dia Nacional da Matemática ::

No dia 6 de maio é comemorado no Brasil o Dia Nacional da Matemática. O objetivo dessa comemoração é divulgar a Matemática como área de conhecimento, sua história e suas aplicações no mundo, bem como sua ligação com outras áreas de conhecimento, buscando derrubar aquele velho mito de que aprender Matemática é difícil e apenas privilégio de poucos.

O dia foi criado pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática — a SBEM —, e a escolha dessa data é uma homenagem ao nascimento de Malba Tahan, pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza. Tahan é autor de uma extensa obra, incluindo o livro O Homem que Calculava. Professor de Matemática e escritor muito criativo, ele adorava elaborar enigmas em sala de aula para iniciar suas explicações.

O primeiro nome falso que ele adotou foi R. S. Slade para fingir que era um escritor de outro país e conseguir publicar uma história num jornal cujo editor já havia rejeitado seus contos quando ele os assinou com seu verdadeiro nome. Como a artimanha funcionou, ele decidiu usar sempre um nome estrangeiro. Mais tarde, escolheu Malba Tahan, pois adorava escrever histórias árabes.


Ele nasceu no Rio de Janeiro em 1895 e morreu aos 79 anos, em 1974, no Recife. Foi um professor ousado para a época e gostava de ir muito além do ensino teórico e expositivo, do qual, aliás, foi um feroz crítico. “O professor de Matemática em geral é um sádico. Ele sente prazer em complicar tudo”, dizia. Também não dava notas “zero” nem reprovava seus alunos. “Por que dar zero se há tantos outros números?”.


Já suas histórias eram sobre aventuras misteriosas, com beduínos, xeiques, vizires, magos, princesas e sultões. Em O Homem que Calculava, ele conta as aventuras de Beremis, um árabe que gostava de resolver os problemas da vida com soluções matemáticas. Os números e as propriedades numéricas eram, para ele, como seres vivos. Ele dizia que existem números alegres e bem-humorados, frações tristes, multiplicações carrancudas e tabuadas sonolentas.


O Dia Nacional da Matemática, por enquanto, é apenas reconhecido pela SBEM, mas já existem iniciativas para incluir a data em calendários oficiais. E, além de propor a criação da data, a SBEM vai organizar e realizar eventos comemorativos. A cada ano, uma temática comum será proposta como eixo desses eventos, que poderão incluir a realização de atividades como feiras de Matemática abertas à comunidade, oficinas e palestras para professores, mostra de trabalhos de escolas, acampamentos de jovens para discussão de problemas matemáticos e apresentações teatrais.

Será uma característica do brasileiro não reconhecer seus talentos e buscar no exterior seus modelos?



O professor Mello e Souza enfrentou esse preconceito no início de sua carreira, mas sua mente criativa conseguiu “driblar” essa situação inventando um personagem estrangeiro, por meio do qual sua voz pôde se manifestar. Para criar Malba Tahan, ele pesquisou durante muitos anos a cultura árabe e chegou a ler o Corão e o Talmude.


Deu a seu personagem um nome completo, biografia adequada e seu próprio talento de contador de histórias. E deu certo! Muitas pessoas nunca ouviram falar de Júlio César de Mello e Souza, mas são fãs das histórias fabulosas de Malba Tahan.

Como muitos cientistas e matemáticos famosos, a vida escolar dele não foi um sucesso, e talvez tenha sido isso que o levou a ensinar de um jeito diferente, contando histórias, propondo desafios, sendo um ator em sala de aula. Ele combatia a Matemática monótona e expositiva com técnicas que hoje são apresentadas como novidades didáticas. Defendia o uso de jogos nas aulas de Matemática e a instalação de laboratórios para o ensino dessa matéria e encarregava os melhores alunos de ajudar os que tinham mais dificuldade.

Apesar disso, ainda hoje, muitos estudantes continuam a ser reprovados pela mesma prática pedagógica que ele combatia. Os alunos se queixam do excesso de memorização e dos cálculos repetitivos e não enxergam a utilidade dos conteúdos aprendidos. Professores despreparados não sabem o que fazer para tornar as aulas mais atraentes. Não possuem modelos nos quais se espelhar, já que sua própria educação em relação à Matemática também foi conteudista e baseada na memorização. O fácil acesso dos estudantes às calculadoras e, em alguns casos, aos computadores, provoca o questionamento sobre a validade de alguns aprendizados. Ainda é necessário estudar a tabuada? E logaritmos?

Muitas pesquisas vêm sendo realizadas com o objetivo de estabelecer novos rumos para o ensino de Matemática, mas os resultados tardam a chegar às salas de aula. Então, é hora de olharmos um pouco para trás, para quem teve coragem de ousar e fazer dessa ciência algo divertido. E não repetir o erro de achar que é lá fora que estão os modelos a serem seguidos.

Para ir mais longe 

Conheça a história da Matemática e veja como ela constitui um dos capítulos mais interessantes do conhecimento humano.


Saiba mais detalhes sobre a vida e a obra do professor Júlio César de Mello e Souza.


Fonte: Portal Aprende Brasil

terça-feira, 4 de maio de 2010

[Vestibular 2011] Isenção UEPA

Estão abertas entre os dias 04 e 21 de maio, as solicitações para a taxa de isenção dos processos seletivos 2010 da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Serão ofertadas 10 mil isenções, dos quais 5.500 são integrais e 4.500 parciais.

Para o Processo Seletivo (Prosel) 2010, serão destinadas 7 mil isenções, sendo 4 mil integrais e 3 mil parciais. Os candidatos beneficiados pela isenção parcial deverão pagar o valor de R$30 (trinta reais) no ato da inscrição.

Para solicitar o pedido, o candidato deverá apresentar os seguintes documentos: cópia da identidade; comprovantes de renda do mês de abril de 2010, de todas as pessoas que residem na mesma casa e contribuem na renda familiar; em caso de trabalho informal, apresentar declaração, de próprio punho e legível, assinada pelo declarante; atestado que cursou ou está cursando desde a 1ª série do Ensino Médio em escola pública, ou como bolsista integral, em escola particular, com conclusão, neste ano; Histórico Escolar se concluiu todo o Ensino Médio em escola pública, ou como bolsista integral, em escola particular; o formulário para solicitação de isenção (disponível na internet) devidamente preenchido.

No caso do Programa Ingresso Seriado (Prisel) – subprograma XIV 1ª etapa, serão oferecidas 3 mil isenções, dos quais 1.500 são integrais e 1.500 parciais, para a última modalidade, o candidato deverá pagar o valor de R$17,50 (dezessete reais e cinqüenta centavos). Para participar, os candidatos deverão estar regularmente matriculados na 1ª série do Ensino Médio, em escola pública ou bolsista integral em escolar particular e comprovar não possuir condições financeiras para o pagamento da taxa. A documentação para o pedido do benefício será o mesmo solicitado pelo Prosel.

Toda a documentação deve ser entregue no período de 04 a 28 de maio, no horário de 8 às 14h, nos locais descritos no edital do processo.

Servidores da Uepa

Os servidores da universidade e do Instituto Estadual Carlos Gomes (IECG) deverão preencher o formulário disponível no site e entregar até o dia 28, no protocolo do seu local de trabalho, munidos dos seguintes documentos: cópia do contracheque de abril, do servidor ao qual estar ligado por parentesco; comprovante do parentesco, como: cópia da certidão de nascimento; cópia da certidão de casamento ou comprovante oficial desta dependência:declaração de imposto de renda e/ou declaração judicial.

Confira abaixo os editais:








Fonte: ASCOM UEPA

terça-feira, 27 de abril de 2010

UFPA adota ENEM como uma das fases

O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE) da UFPA decidiu na manhã desta terça-feira, dia 27 de abril, utilizar parcialmente o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) como uma etapa do processo seletivo da Instituição, já a partir do próximo vestibular. Contudo, a seleção ficará a cargo completo da Universidade, ou seja, a Federal Paraense não adotará o Sistema de Seleção Unificado do Ministério da Educação (SiSU), apenas o ENEM.

Durante o debate, os principais argumentos contra a adoção do ENEM se referiram à ameaça da autonomia institucional sobre o processo de ingresso na UFPA, à falta de conhecimentos regionais na avaliação e às limitações do SiSU como sistema de distribuição das vagas.

Entre os argumentos a favor estavam a qualidade do exame, sua proposição como instrumento avaliativo nacional do Ensino Médio, os indicadores positivos das Instituições de Ensino Superior (IEs) que já o adotaram e a concepção de que as limitações do ENEM podem ser contornadas com a adoção parcial da proposta.

De acordo com o reitor da UFPA, Carlos Maneschy, das 59 universidades federais brasileiras, 43 já adotaram o ENEM total ou parcialmente em seus processos de seleção. Das doze que ainda não haviam se decidido, duas recentemente anunciaram sua adesão a partir de 2010 e quatro universidades são instituições recém-criadas que já sinalizaram que adotarão ao Exame.

A reunião prosseguirá pela tarde, abordando outros pontos relacionados ao processo seletivo de 2011, como a prova de seleção, a redação na segunda fase do processo, a realização de provas de habilidades em Artes, Filosofia e Sociologia e o sistema de cotas.

Texto: Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA



Foto: Karol Khaled





terça-feira, 20 de abril de 2010

..:: PARALIZAÇÃO x GREVE ::..

>> É LEGAL O SERVIDOR PÚBLICO FAZER GREVE?
O texto original do inciso VII do Artigo 37 da Constituição Federal de 1988 assegura o exercício do direito de greve pelos servidores públicos civis, a ser regulamentado através de lei complementar; como tal lei complementar nunca foi elaborada, o entendimento inicial – inclusive do STJ – foi o de que o direito de greve dos servidores dependia de regulamentação.

>> O SERVIDOR EM ESTÁGIO PROBATÓRIO PODE FAZER GREVE?
No que se diz respeito aos servidores em estágio probatório, embora ainda não estejam efetivados no serviço público e no cargo que ocupam, têm assegurado todos os direitos previstos aos demais servidores. Portanto, também devem exercer o seu direito constitucional de greve.
É necessário salientar, nesse aspecto, que o estágio probatório é o meio adotado pela Administração Pública para avaliar a aptidão do concursado para o serviço público. A participação em movimento grevista não configura falta de habilitação, não podendo o estagiário ser penalizado pelo exercício de um direito seu.
Na greve ocorrida no ano de 1995, na Justiça Estadual do Rio Grande do Sul, houve a tentativa de exoneração de servidores em estágio probatório que participaram do movimento grevista, sendo, no entanto, estas exonerações anuladas pelo próprio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que afirmou, na ocasião, haver “licitude de adesão do servidor civil, mesmo em estágio probatório”, concluindo que o “estagiário que não teve a avaliação de seu trabalho prejudicada pela paralisação”. (TJ/RS Mandado de Segurança nº. 595128281).

>> QUAL A DIFERENÇA ENTRE UMA GREVE E UMA PARALISAÇÃO?
Greve no sentido jurídico significa a suspensão da prestação pessoal de serviços. A suspensão do trabalho que configura a greve é a coletiva, não havendo como caracterizar greve a paralisação individual. (NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Comentários à Lei de Greve. São Paulo. LTR. 1989,44/45).
A greve, entretanto, pode ser por tempo indeterminado, ou por tempo determinado. Comumente se denomina greve a paralisação por tempo indeterminado, e paralisação a greve por tempo determinado.
Assim sendo, a paralisação, nada mais é do que uma greve por tempo determinado, e como tal deverá ser tratada, inclusive do ponto de vista legal.

SECOM SINTEPP

segunda-feira, 19 de abril de 2010

..:: PARABÉNS PINTO MARQUES: 66 Anos ::..

Hoje 19/04/2010 a escola " Pinto Marques" completa 66 anos de educação. Nos que formamos a comunidade "Pinto Marques" reafirmamos nesta data especial nosso compromisso com a educação de nossos alunos em busca de melhores dias.

>> UM POUCO DE HISTÓRIA

O nome da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Pinto Marques” presta uma homenagem ao professor e ex-Secretário da Instrução Pública no ano de 1878, Felipe Pinto Marques (1844-1883) que, apesar de sua frágil saúde não o ter deixado seguir seus estudos até o final, tornou-se um respeitado professor de Língua Portuguesa e Francesa.
Grupo Escolar Pinto Marques funcionou inicialmente no bairro do Souza, hoje no mesmo lugar está instalada a Escola Professora Anésia. No dia 19 de Abril de 1944, por ordem do então Interventor Joaquim de Magalhães Barata, foi transferido para a Av. São Gerônimo no nº 427, atualmente Av. Governador José Malcher, nº 861.
No dia 20 de Abril de 1944, o então Grupo Escolar Pinto Marques inicia suas atividades sob a direção da Profª Normalista Florentina da Cunha Campelo Amorim. Hoje a Escola funciona nos três turnos (matutino, vespetino e noturno) sob a direção da Profª Dione Argolo, escolhida diretora, pela comunidade, por meio de eleições diretas .




segunda-feira, 8 de março de 2010

:: Como se forma um bom aluno ::

Todo pai quer que seu filho vá bem na escola. Só querer não basta. 

A seguir, oito lições de crianças que se destacam nos estudos

Não há pai ou mãe que não sonhe com isso: que seu filho vá bem na escola, encontre uma vocação e faça sucesso. É por isso que os pais brasileiros, ouvidos em uma pesquisa do Movimento Todos pela Educação, disseram participar com afinco da vida escolar de seus filhos. Essa participação, porém, tem suas falhas – como mostra um detalhamento da pesquisa de 2009, feito com exclusividade para ÉPOCA. Em alguns casos, há falta de tempo (a queixa mais comum de quem tem filho em escola particular). Em outros, o principal obstáculo é o desconhecimento do conteúdo ensinado (para quem tem filho em escola pública).
A pesquisa também detectou conceitos ultrapassados de como impulsionar o conhecimento. A maioria dos pais presta demasiada atenção às notas e preocupa-se menos em estimular a leitura ou acompanhar se a criança está aprendendo.
Em outras palavras: há mais cobrança que incentivo. É como se os pais considerassem que sua tarefa principal é garantir o acesso à escola – a partir daí, a responsabilidade seria dos professores. Isso é pouco, principalmente num país que não tem avançado satisfatoriamente na área da educação. O nível de ensino das escolas brasileiras, mesmo as de elite, é baixo, na comparação com os países mais avançados. Um relatório do Ministério da Educação, ainda incompleto, mostra que atingimos apenas um terço das metas do Plano Nacional de Educação, entre 2001 e 2008. A evasão escolar no ensino médio aumentou de 5% para 13%. Só 14% dos jovens estão na universidade. Menos de um quinto das crianças até 3 anos frequenta creches.
E, no entanto, há ilhas de excelência. Há alunos brilhantes, curiosos, esforçados, interessados, capazes. Não estamos falando de superdotados. São meninos e meninas comuns, de colégios públicos e particulares, pobres ou ricos, que vão para a escola e... aprendem. Mais: formam-se. Estão no caminho de se tornar cidadãos melhores, pessoas melhores, gente de sucesso. Fazer com que uma criança seja assim não está inteiramente ao alcance dos pais. Pesquisas mundiais mostram que o envolvimento paterno responde por, no máximo, 20% da nota final. O restante seria determinado pela qualidade da escola, a relação com os professores, a influência dos colegas e, claro, seu próprio talento. Mas há, em cada um desses fatores, também uma influência dos pais. Cabe a eles analisar a escola, monitorar os professores, perceber o ambiente em que seu filho vive, estimular-lhe os talentos naturais. Talvez não seja possível fabricar bons alunos. Mas, como atestam as experiências dos garotos e das garotas desta reportagem, há boas receitas para ajudá-los a descobrir esse caminho.
Se os pais não sabem reconhecer as paixões naturais dos filhos,
inibem o aprendizado, em vez de promovê-lo



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Renato Stockler
UMA HISTÓRIA FELIZ: Pedro Manzaro lê um livro na biblioteca do colégio. Ele tinha dificuldades na escola. Recuperou-se graças ao gosto pela leitura


 1. O  PODER DO INCENTIVO
O menino Pedro Manzaro seria um personagem improvável para uma reportagem sobre bons alunos. Aos 7 anos, ele começava o 3o ano sem saber escrever direito e com falhas de leitura. Em breve iniciaria aulas de reforço, com pouco resultado. Pedro era um retardatário na turma de alfabetização. Naquele momento, a diretora do colégio, de uma rede particular de São Paulo, chamou seus pais para uma conversa. Era preciso agir. Quando estão aprendendo as letras, as crianças têm um "clique", um momento muito pessoal a partir do qual a escrita e a leitura deslancham. O "clique" de Pedro estava demorando demais.
Que pai não ficaria apreensivo com uma situação dessas? Foi como Andréia e Sidnei Manzaro se sentiram. Mas logo trataram de agir. A estratégia foi usar a leitura – o menino adorava livros, vivia com eles embaixo do braço, apesar da dificuldade de entendê-los. Na casa da família, já havia a tradição de cada criança (Pedro tem dois irmãos mais novos) ter seu "dia de filho único", quando os pais ficam só com ele. Durante a recuperação de Pedro, que levou um ano, seus dias de filho único eram sempre passados dentro de livrarias. Andréia passou a ler os livros de aventura, gênero favorito de Pedro, para conversar com ele sobre os vaivéns dos heróis das histórias (ela pegou gosto: está lendo agora o segundo livro da série Píppi Meialonga, sobre uma garota que viaja pelo mundo e odeia a escola).
Hoje, Pedro é considerado um aluno acima da média. Não é um colecionador de notas 10. Mas isso não preocupa ninguém. "O principal é ele gostar do que está fazendo", afirma Andréia. O sucesso foi resultado de um esforço conjunto. A escola lhe deu atenção especial, com correção cuidadosa dos textos. O hábito da leitura fez outro tanto. Ler estimula a capacidade de compreender um texto, é um hábito fundamental na formação de seres pensantes. Está entre os quatro fatores comuns aos melhores alunos, segundo uma pesquisa feita pelo Ministério da Educação em 2007 (os outros são fazer lição de casa, ter atividades extracurriculares e pais engajados).
O terceiro impulso, crucial, para a recuperação de Pedro foi a torcida dos pais. O incentivo e os elogios deles ajudaram a construir autoconfiança e gosto pelo esforço. "A gente vivia dizendo para ele: 'Filho, olha o que você conseguiu!'", diz Andréia. O elogio é capaz de transformar. Mas é preciso ter cuidado com ele. Há uma ciência em seu uso. Segundo pesquisas americanas, crianças que recebem congratulações por seu desempenho e seu talento tendem a ficar mais preguiçosas e menos criativas. Aparentemente, ficam com medo de arriscar, porque um fracasso destruiria a imagem que conquistaram. Crianças que recebem elogios por seu trabalho duro, pelo esforço despendido para chegar àquele resultado têm reação inversa. Tornam-se mais persistentes, desenvolvem gosto pelo risco. E, quando fracassam, atribuem isso a um esforço insuficiente, não à incapacidade. Foi o que aconteceu com Pedro. "Mesmo com os sucessivos erros, nunca ouvi o Pedro se recusar a escrever um texto", diz Beatriz Loureiro, a professora que acompanhou sua recuperação.
Se os pais não sabem reconhecer as paixões naturais dos filhos, inibem o aprendizado, em vez de promovê-lo

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Rogério Cassimiro
BRINCADEIRA: Guilherme e seus dinos, em uma praça. A paixão ensina a pesquisar e tirar conclusões


 2. O PRAZER DE APRENDER
Guilherme Ortolan, de 9 anos, tem dificuldade de passar para a próxima fase. Não na escola. Essa ele tira de letra. O problema de Guilherme é que, quando joga um de seus games preferidos com o pai, esquece o objetivo. "Ele para o jogo para me dizer que a classificação de um dos bichos na tela está errada: aquele dinossauro não pode ser herbívoro e viver naquela parte da floresta se tem dentes tão pontiagudos, típicos dos carnívoros", diz o pai, também Guilherme. A paixão do menino pelos dinossauros começou cedo. Ele nem era alfabetizado. Os pais souberam estimular seu interesse. Começaram comprando lagartos de brinquedo. Depois vieram os livros. E as pesquisas na internet. E os recortes de jornais e revistas (muitos deles presenteados pelos professores). A família inteira ficou envolvida pela mania, e Guilherme acabou virando "especialista". Quando vai brincar com seus dinossauros, ele os organiza por período geológico. Ou por hábitos alimentares.
Esse processo mostra como uma paixão ajuda a estimular a criatividade, ensina a pesquisar por conta própria, tirar conclusões, fazer conexões. Se os pais e professores não sabem reconhecer e estimular as paixões naturais das crianças, se insistem para ela "largar de bobagens e se concentrar no que é sério", inibem o aprendizado, em vez de promovê-lo. Com Guilherme, aconteceu o contrário. "O repertório dele é superior ao dos colegas", diz Maria Isabel Gaspar, coordenadora pedagógica da escola em que ele estuda, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. "Não são raras as vezes em que ele já tem informações sobre o que está sendo ensinado na sala de aula."
Esse tipo de aluno – capaz de fazer associações e reflexões mais sofisticadas – as melhores universidades do país procuram. Em seus vestibulares, elas evoluíram da cobrança de acúmulo de informações para a capacidade de solucionar problemas. O Enem, a prova unificada de seleção aplicada pelo Ministério da Educação, segue a mesma linha.


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Renato Stockler
ORGANIZADA: Gabriela, em sua escola. Sua disciplina a torna capaz de aprender com mais facilidade


 3. ORGULHO DO RESULTADO
Nem sempre o prazer de aprender vem da paixão por algo específico. Muitas vezes, trata-se do prazer de fazer bem feito, uma espécie de orgulho de ter realizado algo. Esse perfeccionismo move Gabriela Vergili, de 13 anos. Na primeira semana de aula, no mês passado, ela e a irmã mais nova, Geovana, chegaram em casa, em São Paulo, com a mesma tarefa (embora estejam em séries diferentes, ambas têm um professor em comum). Elas tinham de descobrir em que data cairia o Carnaval deste ano. Como sempre, as duas sentaram no mesmo horário para fazer o dever (a regra, na casa de dona Mércia, sua mãe, é fazer a lição logo depois do almoço). Geovana, eficiente, descobriu logo a data pedida: 16 de fevereiro. E foi brincar. Gabriela demorou mais. Pesquisou na internet, na enciclopédia Larousse, voltou para a internet. E escreveu um longo texto sobre Quaresma, Equinócio, fases da Lua e concílios religiosos. "A disciplina e a organização da Gabriela a ajudam a 'aprender a aprender' qualquer coisa", afirma Luís Junqueira, professor dela no ano passado. "Por isso ela é tão versátil: tem texto redondo, sabe fazer um documentário em vídeo, vai bem na aula de artes e até na educação física."
Essa disciplina é um ponto de honra para Mércia. Ela sempre foi rigorosa com os estudos das filhas. Além do horário da lição, à noite ela e o marido chegam do trabalho e tiram dúvidas das crianças. Quando a escola passa uma pesquisa, manda ler um livro, Mércia acompanha por telefone se as obrigações foram cumpridas. Essa rigidez – acompanhada do exemplo, senão o efeito pode ser o oposto – cria comprometimento com o estudo. "Quase sempre a criança vai buscar em casa como ela vai se relacionar com a vida acadêmica", diz Débora Vaz, pedagoga e diretora de um colégio particular de São Paulo. Gabriela é concentrada para fazer seus deveres, cumpre o combinado com os professores, respeita o sinal da escola, devolve o livro da biblioteca dentro do prazo.
Como mostra a pesquisa do MEC de 2007, o dever de casa é outro ponto em comum entre os bons alunos. Vários estudos comprovam que a lição de casa ajuda a assimilar conteúdos. Também é a forma mais fácil de verificar o aprendizado dos filhos. Por isso, os pais devem se envolver – mas não muito. A lição de casa tem de ser feita apenas pelo aluno. "É quando a criança está sozinha para lidar com todo o conhecimento que adquiriu em sala e vai decidir o que fazer com ele", diz Harris Cooper, um acadêmico da Universidade Duke, Carolina do Norte, que há mais de 20 anos estuda a relação dos pais com a lição de casa.

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 Daryan Dornelles
DETERMINADO: Leandro no trem, voltando da escola. Seu dia começa às 4h30 e vai até as 22 horas


 4. RESISTÊNCIA A FRUSTRAÇÕES
Outra forma de a disciplina se manifestar é na resiliência. O termo designa a propriedade de um corpo de voltar à forma original depois de sofrer uma deformação. Por extensão, passou a ser usado por psicólogos como a capacidade de uma pessoa se recobrar de episódios ruins ou resistir a dificuldades. Em geral, a resiliência é alimentada pela determinação, uma característica encontrada em grande parte dos bons alunos. Um exemplo é Leandro Siqueira, de 16 anos. Ele acorda às 4h30. Pega um trem em Cosmos, Zona Oeste, a região mais pobre do Rio de Janeiro, rumo ao Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Fukow Fonseca (Cefet), uma das melhores escolas técnicas do país. Sai de casa sem tomar café – ou não chegaria a tempo à primeira aula, às 7 horas. Leandro faz a primeira refeição do dia às 12h30, no intervalo do período integral. Chega em casa às 20h30, janta e estuda até as 22 horas. Como seu quarto é pequeno, e a sala geralmente está ocupada, Leandro usa a varanda para ter a concentração de que precisa.
A maratona massacrante se justifica. Quando entrou na escola técnica, numa vaga que disputou com 50 candidatos, Leandro sentiu um baque. Ele sempre havia sido bom aluno, mas o desnível em relação à escola pública de onde vinha era grande demais. Pegar recuperação em três disciplinas não foi o pior. Pelas regras da escola, quem é reprovado duas vezes é expulso. Leandro teve medo de perder sua conquista. "Eu me cobrava muito e ficava pensando no dinheiro que meu pai gasta para eu estar aqui todo dia e almoçar", afirma, logo depois do almoço num restaurante a quilo, onde gastou R$ 11. Suas notas se estabilizaram acima da média graças à severidade de seu plano de estudos, que inclui mais algumas horas de caderno aos domingos, assistido por uma tia professora de matemática. Os pais de Leandro, um instalador de gás desempregado e uma dona de casa, estudaram até a 8a série. Não conseguem ajudá-lo com os estudos. Mas não poderiam dar lição melhor que o sacrifício que fazem para lhe dar a oportunidade de um bom estudo.
Será possível incutir determinação em alguém? Em termos. A resiliência é, provavelmente, uma característica da personalidade. Mas os pais podem influenciar. Em geral, fazem isso para o lado errado. "Vemos muitos pais lenientes, enchendo seus filhos de facilidades", afirma Maria Lúcia Sabatella, uma educadora especialista em crianças superdotadas. O resultado são crianças mimadas, com pouca resistência a frustrações. E uma tendência a desistir ante as dificuldades. Por isso, em seu programa dedicado a localizar bons alunos na rede pública, os pais também recebem aulas. Eles aprendem a estimular seus filhos e, especialmente, a não boicotá-los. "Temos de ensiná-los a formar indivíduos autônomos, independentes", diz Sabatella.

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Leo 
Caldas  
TREINO DIÁRIO: Joebert, Joeverton e Joemerson (a partir da esq.), na escola. Em casa, estudam mais três horas com o pai


 5. O GOSTO DA COMPETIÇÃO
Os trigêmeos Joeverton, Joemerson e Joebert de Oliveira Maia, de 12 anos, foram medalhistas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) no ano passado. Joeverton foi medalha de ouro. Joemerson e Joebert ficaram com o bronze. Não é preciso dizer que eles são o orgulho do pai, José Jorge Maia, chefe da família de classe média baixa que vive na periferia de João Pessoa. Professor de matemática da rede pública da Paraíba, tudo o que José conseguiu até hoje foi com esforço: a casa onde mora e ter criado os três filhos só com seu salário, já que sua mulher, Selma, também professora, parou de trabalhar para cuidar dos bebês. "Sobrevivo com tudo o que aprendi na escola. É só isso que eu tenho e é isso que eu quero garantir para meus filhos", diz.
Não é só discurso. José e Selma dão aos trigêmeos, todos os dias, três horas extras de aula, além da lição de casa. É como um treino de atletismo, com esforço repetitivo. José copia provas de olimpíadas de matemática antigas e dá como treino para os meninos. A vontade de vencer, atingir metas mais altas, destacar-se é um poderoso incentivo para os estudos. "Os melhores alunos não têm medo do desafio", fiz Suely Druk, diretora da OBMEP.
As aulas, no terraço da casa simples da família, não são apenas de matemática. Incluem ciências, português e história. Os meninos não se incomodam em suar a camisa. "Sempre foi assim aqui em casa", diz Joemerson. O reforço ajuda a compensar as deficiências da escola municipal onde estão matriculados no 8o ano do ensino fundamental. "Queria que a escola puxasse mais. Estamos sem professor de história e de inglês", diz Joebert.
A postura de José faz com que os filhos não enxerguem a escola como um fardo, mas como solução. Os três querem se formar em engenharia da computação. Informática passou a ser a paixão dos meninos depois que Joemerson ganhou um computador num concurso de redação, há dois anos. De lá para cá, têm como passatempo navegar em redes de relacionamento, bate-papo e sites de jogos, como qualquer pré-adolescente. A diferença é que eles só fazem isso depois dos estudos.

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Renato Stockler 
CRIATIVA: Larissa, em sua escola. O gosto pelas artes a torna uma criança observadora, o que a ajuda em outras disciplinas


6. PENSAMENTO SOLTO
Um caminho alternativo, quase oposto ao da persistência dos trigêmeos Joebert, Joemerson e Joeverton, é a aposta na criatividade. Trata-se de, em vez de perseguir notas, liberar a imaginação. Pode-se construir uma argumentação forte contra a ênfase do sistema de ensino nas notas. Quando uma pessoa (criança, jovem ou adulto) se concentra em demasia no grau que receberá por um trabalho, deixa de apreciar o valor intrínseco dele. Em boa medida, a importância dada à nota é subtraída da alegria de aprender.
Por isso é tão revitalizante observar crianças como Larissa Silvestre, de 9 anos, descobrindo o mundo, formulando conceitos, brincando. "A Larissa sempre foi criativa", afirma sua professora de artes, Maria Luisa de Godoy. "Se eu pedia para ela recortar uma árvore, numa aula sobre contornos, ela me vinha com um varal cheio de roupas. Se eu ensinava a fazer uma peteca de sucata, em cinco minutos a peteca virava outro brinquedo."
Sua mãe, Arlete de Epifânia, estudou até a 4a série e é cozinheira há 13 anos em uma casa de um bairro nobre de São Paulo. No ano passado, entrou pela primeira vez em um museu, quando a escola de Larissa convidou os pais a acompanhar os filhos numa visita ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). "Nunca imaginei que existisse um lugar como aquele e que minha filha fosse capaz de fazer o que ela fez ali", diz Arlete. De lá para cá, quando tem tempo livre, ela tenta fazer programas que envolvam algum tipo de atividade artística. Se não dá, ajuda a filha a costurar roupinhas para suas bonecas.
Parecem atividades que têm pouco a ver com as disciplinas escolares. Não é assim. A sensibilidade de Larissa para as artes faz dela uma criança observadora – o que a favorece na hora de resolver um problema de matemática ou associar fatos históricos. Segundo Maria Lúcia Sabatella, especialista em crianças superdotadas, gente criativa é extremamente concentrada. "Os grandes inventores, os maiores estrategistas, nos negócios ou na guerra, não fazem a sequência lógica de raciocínio", diz. "Eles são criativos. Seu caminho para chegar à resposta pode até ser mais longo. Mas é singular."
Esse argumento é contrário à má imagem dos alunos que ficam "rabiscando o papel" em vez de estudar a sério para a prova. "A produção artística exige do aluno um esforço que pode ser maior do que nas outras disciplinas", afirma Paulo Portella, coordenador do Serviço Educativo do Masp. "A criatividade das artes exige construção de conhecimento – e não a simples repetição deles." Uma criança com pendor para as artes pode ter um caminho de sucesso até maior que o de um aluno "certinho", em áreas menos convencionais. Ou pode levar vantagem no próprio campo do estudo. Larissa, por exemplo, diz que não quer ser artista quando crescer. Ela quer ser veterinária. 
A produção artística exige do aluno um esforço que pode ser maior que nas outras disciplinas

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Anderson Schneider
INFLUÊNCIA: Felipe brinca com carrinhos de construção, junto da foto do avô. Ele também quer ser engenheiro, para "salvar o mundo do desmatamento"
  
7. A INSPIRAÇÃO DE ALGUÉM
Todo mundo tem alguém que admira. Pode ser a mãe, um professor, uma personagem histórica. Essa figura nos faz almejar ser melhor. Isso também é verdade nos estudos. Quase todo bom aluno tem um professor inspirador, um parente que quer imitar, um bom exemplo. Felipe Brum, de 10 anos, morador de Brasília, tem dois: seu avô materno, Ribamar Ferreira, e Bruno, seu irmão mais velho. Ribamar é engenheiro e serve de inspiração para Felipe desde que, numa visita à construção de uma pousada da família na Bahia, mostrou-lhe que a matemática serve para construir coisas. "Quero construir robôs para ajudar a salvar a humanidade do desmatamento", diz o menino. "Para fazer meu robô, sei que vou ter de estudar engenharia." Bruno, seu irmão mais velho, também segue a carreira do avô. Passou no vestibular com 16 anos. "Eu também quero passar na UnB", diz Felipe, sem saber direito o que significa a sigla, da Universidade de Brasília. Seu plano para conseguir a vaga já está em prática. Estuda duas horas todos os dias e tem como meta a nota mínima 8.
A rotina de estudos de Felipe foi organizada pela mãe, Isabella, para que o menino superasse suas dificuldades de aprendizado. Há dois anos, ele foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção (TDA). Isabella, que é médica, mudou seus horários para se dedicar aos estudos do filho. O irmão mais velho também ajuda. "Ele me estimula a aplicar os cálculos em tudo o que faço", diz Felipe. "Nunca imaginei que para construir computadores a gente usava matemática."
Ter o avô e o irmão como heróis é a motivação de Felipe. "São muitos os casos em que ter um referencial, um exemplo a ser seguido, é determinante para a motivação do aprendizado", afirma Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. "Estimular isso é válido, mas com o cuidado de respeitar a individualidade da criança." Porque pode acontecer o contrário: a criança se sentir intimidada pela figura de sucesso e se frustrar ao não conseguir ser como ela.
Não parece ser o caso de Felipe. No ano passado, ele tirou 9,6 em matemática, disciplina em que tinha ficado em recuperação no ano anterior. "Agora só quero boas notas, sei que isso ajuda a passar rápido no vestibular, como foi com o Bruno." 

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Ricardo 
Jaeger
ENGAJADO: Marcelo, no grêmio estudantil de sua escola. Ele renovou a sede, promoveu um festival de música, fez ação social. Sua capacidade de questionar o coloca entre os melhores alunos
8. PLANOS DE MUDAR O MUNDO
Para que serve a escola? Em parte, ela é a instituição conformista por natureza. É lá que aprendemos os meios e modos do mundo, as tradições de nossa cultura, o que devemos fazer para ter sucesso, de acordo com as expectativas da sociedade. Mas ela é, também, o lugar do exercício das possibilidades. É nela que aprendemos a pensar por conta própria. Uma boa educação inclui a capacidade de questionar, experimentar, criar. Um traço comum entre maus alunos é que seus interesses estão fora da escola. Mas esse é também um traço comum entre os bons alunos. A única diferença é que os maus alunos perseguem seus interesses em detrimento do estudo. Os bons mesclam suas atividades ao estudo. Com isso, ganham capacidade crítica, vivência, experiência.
No ano passado, Marcelo Monteiro, de 16 anos, dedicou boa parte de seu tempo livre a um projeto especial: recuperar a imagem do grêmio estudantil do colégio onde cursa o 3o ano do ensino médio, em Porto Alegre. Sua função como primeiro secretário era negociar com a diretoria atividades para os alunos e melhorias na escola, tarefa complicada dada a reputação do grêmio até então. As gestões anteriores deixaram a organização quebrada. Ao assumir, Marcelo e seus colegas de chapa encontraram a sede pichada, sofás depredados, computador quebrado. "Tivemos de reconquistar a confiança do diretor e dos coordenadores para emplacar nossos projetos", diz ele. Para reformar a sede, arrecadou dinheiro com os alunos (cobrando pelo serviço de fazer carteirinhas de estudantes) e pais de alunos (enviou cerca de 1.500 boletos opcionais no valor de R$ 20 para o endereço residencial dos colegas. Mais da metade dos pais depositou o dinheiro).
Também organizou uma campanha para mobilizar o colégio a participar de uma espécie de gincana. O prêmio, dado para a escola com o maior número de inscritos, era um computador. Levou. No final do ano, já com a sede reformada e o prestígio do grêmio recuperado, Marcelo conseguiu autorização da diretoria para fazer um festival de música. Cada convidado levou 1 quilo de alimento, doado para entidades carentes. "Não sei quanto deu no final, mas lotamos a Kombi que a escola nos emprestou para fazer a entrega."
Mesmo tão ocupado com articulações estudantis e organização de eventos, Marcelo está no topo das notas de sua turma. Vai tentar o vestibular para Direito. "Ele não tem medo de se meter em encrencas", diz um de seus professores, Ivanor Reginatto, no colégio há 25 anos. "Nem todo bom aluno questiona tanto quanto Marcelo, mas essa sua capacidade o coloca entre os melhores." De certa forma, Marcelo segue os passos de seus pais, Marisa e Rui. Ambos participaram de grêmios estudantis no colégio e na faculdade. Durante cinco anos, presidiram a Associação de Pais e Mestres onde Marcelo estuda. "Tentamos passar a ideia de que se engajar em atividades fora da sala de aula daria a ele a base que vai definir seu futuro profissional e pessoal", diz a mãe. "Eles me ensinaram a priorizar o diálogo, a discutir questões que acho importantes", diz Marcelo. É para isso que serve a educação. Para atuar no mundo.

Fonte: Revista Época - 08/03/2010